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Relatos de aprendizados no relacionamento com a minha mãe

A minha mãe tem sido uma incrível mestra nessa vida. Aprendo tanto com ela. Mas reconhecer isso demorou muitos anos... Pois a nossa relação não é fácil. Ao contrário. Eu sempre a desafiei muito. Ela teve que ser muito forte para conseguir que eu aprendesse as lições. E esse processo é doloroso... Mas só uma mãe é capaz de aguentar as birras do filho, os choros, o sofrimento e, ainda assim se manter firme na empreitada de ensinar. Caramba... ela sofreu bastante comigo até aqui. Lembro quando tinha entre 12 e 13 anos, morávamos em BH, e ela começou a pedir que fizéssemos algumas coisas sozinhas, tipo, sem a presença dela. Nunca esqueço quando ela me pediu pra ir à padaria. Cara, aquilo parecia "o fim" pra mim. Me recusei de todas as formas, xinguei, esperneei e não fui de jeito nenhum. Até então ela sempre ia... porque agora eu que tinha que ir? Gente, eu fiz um escândalo em casa, mas não fui. Foi a coisa mais ridícula de se ver. Até hoje, morro de vergonha por esse dia. Depois disso, ela começou a nos ensinar, a mim e à minha irmã, a ir pra escola sozinhas. Até então, ela nos levava e buscava de carro, todos os dias. Nesse dia ela foi de ônibus com a gente, pra mostrar como seria o caminho. Gente, eu reclamei tanto disso... não aceitava como ela, tendo carro, não iria mais levar a gente. Acho que está dando pra vocês entenderem o quanto eu era cega, né... e o quanto me recusei a crescer. Fazia drama, chorava, esperneava. Bem ridículo mesmo. Mas depois de um tempo, sinto que eu ia percebendo o valor. Foi muito legal aprender a andar sozinha pela cidade, ir conquistando um pouco mais de independência. Aí, eu vou dar um pulo agora pra minha vida atual. Neste momento eu agora sou mãe. Mas isso não fez com que eu subitamente compreendesse e valorizasse tudo o que minha mãe fez por mim... Na verdade, isso só mostrou ainda mais o que eu tinha pra aprender. Quem é mãe vai entender exatamente o que eu digo. Ser mãe é algo que exige toda a força que existe no seu âmago. É uma doação visceral. No começo, a privação do sono é uma parada ensandecida... é muito louco passar por isso. Aliado à amamentação a cada 1 hora e os cuidados com o bebê. Dizer que é exaustivo não é suficiente. A gente vira um trapo humano... É claro que tem pessoas que levam isso mais tranquilamente do que outras. Mas, pra mim, foi sempre muito difícil. E sabe qual a minha reação nesse momento? Eu achei, mais uma vez, que a minha mãe tinha a obrigação de me ajudar... Tipo, ela, como minha mãe e vendo o meu mundo de pernas pro ar, deveria me socorrer, me ajudar, assumir parte dos afazeres... sei lá. Então, a minha atitude com ela passou a ser de cobrança. Demorei um pouco pra entender que ela não tinha obrigação nenhuma de dividir as tarefas comigo. Demorou pra eu enxergar que isso não era justo com ela. Foi um processo, em que ela, primeiro tentou me ajudar de várias formas... Foi sofrido pra ela e pra mim... e finalmente percebemos que isso não ia funcionar. Finalmente, eu assumi todas as tarefas com o meu filho. E sabe o que ia acontecer se ela assumisse por mim? Eu não teria me tornado mãe de verdade. É graças a ela, a minha grande mestra, que hoje posso dizer, eu sou a mãe do meu filho. Mas as lições são aprendidas aos poucos... Eu finalmente fui adquirindo musculatura e dando conta de tudo sozinha... já não esperava que ninguém tivesse qualquer obrigação com os cuidados com o meu filho. Porém, com uma rotina louca e corrida, ainda esperava que a minha mãe me ajudasse com algumas coisas em casa. Tipo, adiantar a louça... adiantar alguma coisa do almoço, sei lá... Cara, demora pra gente aprender, viu... Eu já conseguia enxergar que a minha mãe não tinha obrigação de nada... Que fui eu que vim morar na casa dela, depois de anos longe, e dessa vez com um filho. Que, se a pia estava cheia de louça, era graças à minha rotina louca. Mudei toda a rotina dela, tirei a tranquilidade e o sossego do lar dela. Mas, ainda restava dentro de mim aquela não aceitação em crescer, sempre querendo que ela me ajudasse, que fizesse algo por mim. E foi só quando eu fiquei doente, que o clima pesou bastante, mas a fichinha finalmente caiu. E por que digo isso? Porque doente, sem forças pra nada, aí sim eu achava que tinha toda razão do mundo para esperar que a minha mãe me ajudasse e cuidasse de mim, cuidasse do meu filho. E, mais uma vez, ela não passou a mão na minha cabeça. Mas, foi dessa vez que eu finalmente percebi a lição de todo esse tempo. Foi no dia seguinte do eclipse, em um período muito especial para enxergarmos os nossos padrões e maus hábitos. Cara, ficou claro como o dia, que eu precisava aprender a me cuidar sozinha, a ser autossuficiente, a não depender de ninguém. Eu precisava aprender a tomar as rédeas da minha vida. E eu senti que precisava aprender isso, pois vou precisar muito que isso seja algo fácil e natural pra mim, pra que eu possa dar conta de tudo de maravilhoso que a minha vida tem pra ser. Os potenciais pra minha vida são incríveis, mas eu preciso estar forte o suficiente para seguir de peito aberto. Essa foi a minha maior emersão de todos os últimos mergulhos que fiz nas profundezas do meu ser, pois mudou o meu padrão de ser completamente. Agora eu não só não espero que ninguém faça nada por mim, como eu mesma quero fazer, pois estou adquirindo cada vez mais musculatura... E o que antes parecia difícil, vai se tornando fácil. Pode vir vida, que eu dou conta! Sempre em frente, e a cada dia mais forte! E o melhor de tudo... a raiva que eu senti da minha mãe tantas vezes, era na verdade uma não aceitação em crescer. E o que fica é só uma admiração imensa pela minha mãe, sempre fazendo tudo o que pode, sempre se desdobrando por nós duas, suas filhas... Por todos esses anos. E sempre nos impulsionando a crescer. A minha ligação com a minha mãe é incrível, cara... ela não só me traz os maiores aprendizados, como também, grandes oportunidades de experiências, no momento exato que estou precisando. É uma sintonia de alma mesmo... Mas isso já é tema pra outro post.

Te amo mãe!

Obrigada por tudo

E por tanto...


A imagem veio daqui.

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Copyright © 2025 por Ludmila A. Pinheiro. Todos os direitos reservados.

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